Colossal - O filme mais original do último ano que você não viu


Antes de começar a resenha tenho que dizer uma coisa: sim, eu sei que Colossal é de 2016, mas ele só foi lançado em 2017 no Brasil e eu gostei tanto dele que acho que merece um pouco de sensacionalismo para chamar a atenção.

Colossal (2016) conta a história de Gloria (Anne Hathaway), uma mulher que volta de Nova York para a sua cidade Natal quando seu namorado termina com ela ao chegar de mais uma noitada regada a bebida (sim, ela é o marido alcoólatra aqui). Em paralelo a isso, um monstro aparece em Seul e começa a destruir a cidade sem razão aparente. Conectando os pontos, Gloria percebe que tem alguma relação com a aparição e o comportamento da criatura e tenta lidar ao mesmo tempo com o peso disso e sua vida já conturbada.




Sim, é um filme indie que fala sobre o cotidiano através de temas fantásticos. E eu adoro isso. Colossal se diferencia pelo tema fantástico influenciar de fato o mundo real, ao contrário de filmes como Scott Pilgrim em que o fantástico acontece como parte natural daquele mundo. Mas essa diferenciação pouco ajuda o filme. Seu segredo é outro


O filme tenta nos convencer que a questão é sobre o quase alcoolismo de Gloria e o jeito que ela leva sua vida, de forma extremamente mal organizada. E de fato o filme trata disso, mas esses temas são consequências do tema principal do filme: como tratamos as nós mesmos e como isso influencia como tratamos os outros.

Nenhum personagem é santo no filme, mas isso não é destacado porque são todas pessoas normais. Até mesmo o "vilão" acaba refletindo muito dos problemas que a própria personagem principal tem, porém, obviamente, lidando com eles de forma bem diferente. Um é bonzinho, mas é um covarde. Outro é os dois, mas é possessivo. E mesmo Gloria tendo bastante empatia pelos nossos amigos sul-coreanos, ela não parece sentir o mesmo pelo seu ex-namorado nos minutos iniciais do filme.

Não há quase nenhuma ação de fato no filme, apesar de ser um filme, teoricamente, de monstro. Ele não é um Pacific Rim no fim, o monstro é um mero ferramental dos cineastas e não seu atrativo principal (e não se enganem, eu amo de coração Pacific Rim). Mas há aqui um conflito entre personagens e é tão tenso, senão mais, que muitos filmes blockbusters. Só não se engane: não é um filme de monstro.


A grande característica do filme é sua virada de roteiro que pode parecer brusca, mas depois de poucos pensamentos da para ver que é muito mais tênue do que parece. Não posso falar muito dela aqui. Sabendo do que acontece, perde-se um pouco do appeal do filme. O que posso dizer é que no fim ele acaba sendo um filme muito feminista de forma bem orgânica., daqueles que realmente não parecem estar forçando a barra, muito parecido com o que eu vi em Mad Max: Estrada da Fúria.

E essa virada do filme, junto com o uso do tema fantástico e a relação forte com temas cotidianos, que me fizeram sentir sua originalidade. No fim do filme, eu não fiquei somente feliz pelos desfechos, mas por ele em si. Fazia tempo que eu não via um filme em que todos os caminhos que ele pudesse trilhar fossem interessantes, que eu quisesse ver versões com escolhas diferentes do diretor, do roteirista ou dos personagens. Eu me importei com Gloria, assim como eu me importei com esse filme, e por isso acabei vindo direto para o computador escrever isso.

Colossal foi um achado sem querer na internet. Ouvindo o podcast MdM #445, ganhei uma recomendação na sessão de menções honrosas dos filmes de 2017, que quase não acolhi para mim. Somente na segunda vez que ouvi eu marquei o nome e corri atrás do filme. E valeu a pena, mais do que descobrir que Blade Runner 2049 é bom, ou saber que o final da trilogia nova do Planeta dos Macacos manteve a qualidade dos antecessores.

É daqueles filmes que te faz se animar com produção cinematográfica de um jeito que faz tempo que não me animo.


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